sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Encontro marcado (Meet Joe Black)

Neste final de semana assisti mais uma vez a um filme que gosto muito. Chama-se Encontro Marcado, com Anthony Hopkins e Brad Pitt. Este filme trata de um assunto que vem sendo objeto de algumas das minhas reflexões, ultimamente: a morte.
Tudo o que se vê, a cada dia, um dia vai morrer. E isto pode ser a qualquer momento, quando menos se espera. Um dia está lá e em outro dia não está mais. Parece um exemplo de menor importância, mas o seguinte fato me chamou novamente a atenção para o objeto das minhas reflexões. Em casa tínhamos um pequeno hamster que estava para completar dois anos. Era interessante vê-lo diariamente na gaiola, quando passava por ela. O hamster sempre estava lá, ora em pé pedindo comida, ora mordendo a grade da gaiola com a mesma finalidade, ora correndo na roda, ou mesmo dormindo. Muitas vezes ele acordava ou parava o que estava a fazer apenas para olhar quem estava passando, como querendo atenção. Uma pequena criatura de Deus, com muita vida. Seus pequenos olhos transmitiam muitos sentimentos, próprios da sua natureza, por certo. Ontem, ao chegar em casa, constatei que o hamster havia morrido. Seu corpo já não tinha mais vida. Seus olhos “olhavam” para o nada, inertes. O fato me deixou triste por pensar que sentiria a falta do hamster em casa, mas deixou-me mais triste pela existência da morte em si mesma. Eu chorei. A morte chegará para mim um dia, e para tudo o que se vê, a cada dia.
Assim, a primeira conclusão que até aqui tiro das minhas reflexões é que toda vida deve ser amada enquanto há tempo. A vida própria e a alheia devem ser amadas incondicionalmente. Jesus, ensinando sobre a escatologia, que também pode ser aprendida do ponto de vista individual, já dizia em Mateus 24:36, que “a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o filho, senão o Pai.” Também em Atos 1:7 Jesus respondeu a seus discípulos, ávidos por saber do futuro, que “não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade.”
Deste modo, a segunda conclusão resultante das minhas reflexões é a de que tudo está nas mãos de Deus, e não é possível para o ser humano saber quando aquele dia chegará. Sendo isto verdade, é preciso ficar atento. Estar atento não é simplesmente ficar pensando à espera da hora inevitável, mas, sabendo que a hora há de chegar, viver amando o próximo como a si mesmo. Poucos tem a mesma chance de William Parrish (personagem de Anthony Hopkins em Encontro Marcado) de se despedir conscientemente de quem mais ama.
É mesmo difícil amar o próximo, na medida em que o próximo pode ser qualquer um, até mesmo aquele que não conhecemos a princípio. Nós não nos damos conta da nossa limitação terrena e parecemos nos perder em orgulho, vaidade e em um poder imaginário e efêmero. Quando muito amamos o próximo que escolhemos. Porém, se seguirmos a lição do Mestre eterno, passaremos pela vida e esta vida terá sentido real, ao menos para o próximo que foi amado. A vida somente tem real sentido, quando vivemos para servir a criação de Deus, os seres humanos e o seu meio ambiente.