sexta-feira, 25 de junho de 2010

A POSIÇÃO DA IGREJA EM RELAÇÃO ÀS OVELHAS PERDIDAS

Introdução
Na parábola da ovelha perdida, de Lucas 15:1-7, observamos um contexto no qual Jesus recebia publicanos (cobradores de impostos) e pessoas de má fama (pecadores), e comia com eles. Para os fariseus daquele tempo, reunir-se com pecadores ou publicanos, e fazer uma refeição com eles, era algo ultrajante. Os fariseus (doutores da lei) e escribas (mestres da lei) murmuravam contra Jesus. Em resposta, Jesus contou-lhes a parábola da ovelha perdida.
Pela parábola, Jesus refere-se ao esperado comportamento humano diante das ovelhas perdidas, incentivando o ser humano a agir segundo a vontade de Deus. Neste sentido, Mateus (cap. 18) também menciona a mesma parábola, entretanto evidencia as palavras de Jesus ensinando as pessoas que não desprezem os pequenos, e conclui afirmando que o Pai, que está nos céus, não quer que nenhum destes pequeninos se perca.
De todas as parábolas retiramos lições para a igreja. A igreja não é templo. A igreja somos todos nós, e cada um de nós juntos, como corpo de Cristo, sendo Cristo o Cabeça. O corpo não existe para ficar parado, deitado em berço esplêndido, mas foi criado por Deus para agir, para trabalhar, para ajudar e para amar o próximo. Este é o papel da igreja!
E Jesus estava chamando a atenção daqueles, que também eram parte da igreja, mas que se achavam perfeitos, que não precisavam de arrependimento, que já se achavam pessoas boas e justas apenas porque cumpriam a lei. Quem pode se considerar desta forma? Ninguém. Por outro lado, não podemos, nenhum de nós, desprezar aqueles que estão perdidos no mundo. Deus não quer que ninguém se perca. Deus ama o mundo de tal maneira que enviou seu Filho unigênito para que todo aquele que Nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna. (João 3:16). Cristo quer que nós, cada um de nós, tomemos uma posição em nossas vidas.
Refletindo sobre a parábola da ovelha perdida, encontramos algumas posições que Cristo gostaria que seus seguidores tomassem. Eu gostaria de ressaltar 3 destas posições. A primeira delas é uma posição de amor.

1. Uma posição de amor.
Jesus desde logo ensina, pela parábola, que uma posição de amor é diversa da posição dos fariseus e escribas, doutores e mestres da lei daquela época. Estes estudiosos seguiam a lei de forma absoluta, sem se desviar nem para a direita nem para a esquerda. Achavam-se justos, salvos. Pensavam que não precisavam de arrependimento. Eram capazes de tudo para cumprir a lei, e assim, sentirem-se perfeitos aos olhos de Deus e das outras pessoas. Nestas condições, eles entendiam que algumas pessoas que não cumpriam a lei eram pecadores, pessoas de má fama. As pessoas eram discriminadas pelos fariseus pelo lugar de origem (os samaritanos, porque estes judeus tinham permitido a miscigenação do povo com estrangeiros, por ocasião do exílio), pela condição de saúde (as doenças ou reduções de capacidade física eram decorrentes de algum pecado da própria pessoa ou de sua família), e também pela profissão (pastores porque descumpriam a lei). Os pastores, por exemplo, precisavam trabalhar nos sábados, o que significava transgredir a lei. Os fariseus também não gostavam de Jesus, que se autodenominava o Bom Pastor (João 10:11), aquele que dá a vida pelas ovelhas.
Na parábola, Jesus se refere aos fariseus, perguntando-lhes, qual dentre vós é o homem que tem 100 ovelhas, e perdendo uma, por acaso não vai procurá-la, deixando outras 99 no campo, no deserto, ou no monte?
Pela parábola, está claro que o Bom Pastor (não o mercenário) ama a todas as ovelhas, e ama a cada uma delas. Não está escrito no texto bíblico, mas estudando a cultura da época, sabemos que as ovelhas que ficaram no campo não ficaram sozinhas, abandonadas. O pastor, com 100 ovelhas, não trabalhava sozinho, mas era auxiliado por outros pastores. O pastor responsável sabia que as outras 99 ovelhas seriam conduzidas pelos outros pastores. Por sua vez, em um ato de amor, arriscou-se a andar atrás da única ovelha perdida, por locais onde, distante dos colegas, poderia perder-se, ser assaltado ou ser morto.
Cristo, assim, nos ensina que devemos ter uma posição de amor em relação às ovelhas perdidas, que se comparam àquelas pessoas que se afastam do caminho, que são consideradas pecadoras. Nós que estamos na igreja somos santos. Mas cuidado! Ser santo não significa ser livre do pecado, ou não precisar de arrependimento. Ser santo significa ser separado para cumprir a missão que Deus conferiu à igreja.
Lembro-me de um professor da faculdade que contou sobre o trabalho missionário junto com prostitutas de uma determinada região da cidade. Estas mulheres converteram-se e passaram a freqüentar a igreja. Infelizmente, não foram bem recebidas pela comunidade, porque sabiam do seu passado. Jesus nos ensina que devemos ter uma posição de amor para com todos, inclusive e especialmente com as ovelhas perdidas, por que o Filho do Homem veio para salvar quem está perdido (Mateus 18:11).
Assim, a parábola nos ensina que devemos ter uma posição de amor, mas também devemos ter uma posição de empenho e dedicação. Esta é a segunda posição que a igreja deve ter em relação às ovelhas perdidas.

2. Uma posição de empenho e dedicação
A parábola nos mostra que o pastor deixou o lugar onde outras ovelhas estavam e passou a procurar a ovelha perdida até achá-la. Ele não parou até cumprir o seu objetivo. O texto não fala, mas esta expressão demonstra que o pastor deve ter caminhado muito até achar a ovelha. Basta notar o júbilo que teve quando a encontrou. Portanto, o pastor empenhou-se e dedicou-se até cumprir o seu objetivo.
Entretanto, o empenho e a dedicação não se limitam à atitude de procurar a ovelha perdida. Uma pesquisa sobre o comportamento das ovelhas que se perdem do rebanho e não acham o caminho de casa revela que “uma ovelha perdida ficará deitada, desamparada, e recusar-se-á a mexer-se. O Pastor é forçado a carregá-la por uma distância considerável.” O texto bíblico revela que depois de achá-la o pastor colocou a ovelha nos ombros e voltou com ela até em casa. Na internet, eu verifiquei que uma ovelha adulta pesa, no mínimo, 40 kg. Portanto, o pastor, mesmo sabendo que deveria ter que carregar a ovelha perdida em seus ombros depois que a achasse, não desanimou. Dedicou-se, empenhou-se, até achar a ovelha, e depois a carregou de volta para casa.
Assim também deve ser a igreja. Devemos nos dedicar e empenhar para encontrar as ovelhas perdidas, e quando as encontramos, devemos continuar nos empenhando e dedicando para conduzi-las de volta até os caminhos de Deus. É certo que a salvação vem pela graça de Deus. É o Espírito Santo que convence as pessoas da necessidade do arrependimento. Mas Jesus nos ensina a amar o nosso próximo, e assim devemos fazer com dedicação e empenho para ajudar a quem precisa. Se por um lado a salvação vem pela graça, e não pelas obras, sabemos que as obras demonstram quem está verdadeiramente no caminho da salvação. Cristo no incentiva a agir, a mover o seu corpo que é a igreja, com amor, dedicação e empenho.
Como nós vamos encontrar as ovelhas? Penso que devemos evangelizar, conversar com as pessoas que encontramos no caminho. Evangelizar significa apresentar Jesus Cristo a estas pessoas. Também significa ter uma vida digna, para que as pessoas vejam em nós a glória de Deus. O convencimento será feito pelo Espírito Santo. Mas Deus pede que façamos a nossa parte. É assim que consta em Atos 1:8, “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”.
Este trabalho requer empenho e dedicação, porque é feito para a glória de Deus.

3. Uma posição de alegria.
Gostaria, ainda, de ressaltar uma terceira posição que a igreja deve assumir, de acordo com a parábola da ovelha perdida. Esta é uma posição de alegria.
A palavra diz que o bom pastor, quando encontra a ovelha perdida, fica muito contente, tem muito júbilo, ou seja, muita alegria. Apesar do esforço de carregar em seus ombros a ovelha que estava perdida, o pastor vai para casa muito alegre. E chegando em casa, chama seus amigos e vizinhos para se alegrar com ele por ter encontrado a ovelha perdida. A comunidade também deve ter ficado alegre, porque o pastor saiu de seu lugar seguro, de sua zona de conforto, achou a ovelha, e ambos retornaram para a comunidade, sãos e salvos.
Jesus nos ensina que quando uma ovelha perdida é encontrada e conduzida novamente para a casa, há muita alegria no céu. A ovelha perdida é o pecador que se arrepende de seus pecados. Há mais alegria no céu por este pecador arrependido do que por 99 pessoas que se acham boas, santas e justas, e que pensam que não precisam de arrependimento. Todos nós precisamos de arrependimento. E Deus se alegra quando nos arrependemos e voltamos para Ele, para a proteção de suas asas. Porque sozinhos, não temos força, ficamos caídos, desanimados, desamparados e impossibilitados de se mexer. Mas Deus nós coloca em seus ombros, e nos carrega com alegria para casa.
Assim também Jesus nos ensina a agir, quando uma ovelha perdida é alcançada. Não é correto ficarmos murmurando porque aqueles que estão no mundo se aproximam de Jesus. Ele recebe a todos, com alegria. A igreja, ao receber estes irmãos na fé, precisa recebê-los com alegria. É apropriado que estendamos as nossas duas mãos, para juntos caminharmos como igreja, como irmãos em Cristo.
Quando uma pessoa recebe a Cristo e está em Cristo, torna-se nova criatura. As coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo. Portanto, cabe à igreja receber a nova criatura com alegria, sem cogitar do passado que já morreu.

Conclusão
Nesta mensagem irmãos e irmãs, aprendemos com a parábola da ovelha perdida três posições que a igreja precisa assumir perante as ovelhas perdidas. A igreja somos nós que formamos o corpo de Cristo. A igreja precisa ter uma posição de amor pelos que estão perdidos, no mundo. A igreja precisa ter uma posição de dedicação e empenho para com aqueles que precisam de ajuda e apoio. A igreja precisa ter uma posição de alegria, para com as ovelhas que são alcançadas pelo amor e pela graça do Bom Pastor, que é Jesus Cristo. Jesus nos ensina a não ser como os fariseus e escribas de seu tempo, que achavam que eram santos, apenas porque cumpriam a lei. Nós somos santos porque somos povo separado, para cumprir a missão que Deus nos outorgou. Gostaria de convidar o irmão e a irmã, neste momento, a pensarem em alguma pessoa que está afastada da igreja. Alguém que você conheça e que precisa ser alcançado ou reapresentado para Jesus. Que Deus nos abençoe e que possamos agir para com estas pessoas da forma como Jesus no ensinou na parábola da ovelha perdida. Amém.